terça-feira, 23 de janeiro de 2007

às direitas


E depois, às vezes, quando não espero, espanto-me com as facilidades. Como com a caminha de menino. Fui adiando a reforma das grades até ele quase não caber lá. O miúdo passava-me as noites destapado, com a cabeça no sítio dos pés, retorcido, a meio, com braços entalados, com pernas presas. Cheguei a enfiá-lo dentro de quatro pijamas e de fatos de neve e de sacos-cama para evitar as constipações dele e as más disposições minhas por passar a noite a levantar-me para o tapar e endireitar. Assim calculei muita queda, muita nódoa negra, muito galo na testa, muita choradeira, muito levantar a meio da noite. Depois, com ele já nos três, vi a caminha com o cão e o gato e achei-a perfeita. Ainda hesitei um segundo por causa das cores fortes mas como os brancos e azuis anteriores não o acalmaram e até li que o laranja favorece a boa-disposição e o amarelo a concentração, ganhou uma cama, uma mesa e uma cadeira assim mesmo, vermelho, amarelo e laranja. E foi amor à primeira vista. Chamou logo Boba ao cão e Tai ao gato e disse Eu agora queo domir aqui. Ainda o enchi de barreiras e edredons no chão nas primeiras noites mas depois foi ele que disse que não era preciso Eu não caio. Sempre que o vou ver antes de ir dormir está tapadinho, sossegadinho e direitinho. Acho que vou espalhar amarelos e laranjas por outros sítios a ver se a calma das noites também se instala nos dias...

Sem comentários: