terça-feira, 6 de março de 2007

mãe conta

Sou mais vezes eu, É a mãe, é a mãe a contá a tóia. Escolhe ele o livro. Raramente são vários, é o mesmo, lido duas vezes (depende...) à tarde e três à noite (depende... do tamanho, do tempo que me falta, do tardio da hora). Mais contos a horas de almoço e jantar, alguns meios de manhãs e tardes, ao fim do dia já lhes perdi a conta, aos contos e às cantorias. Os livlos de que gosta muito ou que não entende logo chegam a repetir-se quatro ou cinco dias, os mais fininhos ou com que não engraça tanto duram um, um e meio. E pergunta, pergunta muita coisa, pergunta tudo. Letras, palavras, significados O que é envegonhada?, porquês, pontos de interrogação, vírgulas. E reconhece os números das páginas e conta as ovelhas e os carros e as flores e os elefantes. E no fim o livlo, amigo, dorme debaixo da almofada, partilha sonos e sonhos.
Não lhe aligeiro, os dramas. Não escondo a violência, não mudo finais, não transformo os pretos em cinzentos clarinhos. Sim, morreu. Sim, a madrasta queria matá-la. Sim, a mãe tinha morrido. Sim, o lobo (a quantidade de lobos que há nos contos!) era mau, comeu-a mesmo. Desejo-lhe uma vida clara e recta, mas o mais certo é aparecerem-lhe curvas e contracurvas ao longo da estrada. Às vezes já lhe noto os pequenos tropeços nas lombas e as hesitações nos desvios. As voltas dos contos ajudam-no a perceber os empecilhos nos caminhos e que é preciso contorná-los e evitar os acidentes para continuar sempre a andar. Quando googlei confirmei aqui e aqui e aqui o que já fazia.
Só houve uma vez. Uminha só, em que não consegui. A malfadada frase dos aportuguesados João e Maria dos Hansel e Gretel (nomes bons para os miúdos ficarem de línguas enroladas nos éles), O pai era tão pobre, mas tão pobre, que decidiu abandonar os filhos na floresta, não me saíu. Que maldade. Então e os depois, quando eu me queixar que não tenho dinheiro ou que alguma coisa é cara, o miúdo ainda se põe a cogitar que o vou abandonar... Troquei para perdidos, Perderam-se do pai, e aproveitei para as moralizações do não se afastar muito e ter cuidado com estranhos e mais bláblás do género. Foi a única vez que fiz um atalho num conto...

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