domingo, 22 de agosto de 2010

eu gosto é do verão...

Se eu me pusesse a somar dias provavelmente já ultrapassava as três dezenas embora as nossas cores, só um pouco mais acastanhadas que no inverno, não o comprovem. É que chegamos sempre ao fim da tarde. Às cinco ou às seis, quando toda a gente já se debanda a caminho dos duches e jantares numa lenta, cansada e muitas vezes avermelhada procissão de sombrinhas, cadeiras, caixas térmicas, toalhas e sacos. Fazem-me cada vez mais confusão, os carregos, e a pouco tempo de crescermos para meia dúzia ainda consigo espartilhar toalhas, comidas, água, cremes, fraldas e outros mesmo essenciais numa única mochila. Deixam atrás povoações de castelos, montes e buracos e, o que ainda me baralha mais do que as cargas, beatas, latas, guardanapos, pacotes e mais uma infinidade de despojos de lanches e almoços quase sempre nutricionalmente muito desacertados. Escolhemos a clareira maior, que o toalha nossa encostada a toalha desconhecida nunca se nos encaixou nos feitios, o pai vai quase sempre correr, os miúdos brincam, eu brinco com eles ou finjo que leio ou distribuo bolachas e ralhos Simão não atires areia para os olhos do mano, Joaquim brinca com outra coisa que o mano estava primeiro com a escavadora, ou tento desinchar os pés na água gelada. Está sempre fria, a água, ou assim me tem parecido, neste verão quente que me anda a dificultar as locomoções e as boas disposições, e suspiro muitas vezes pelos mornos da praia fluvial dos últimos setembros. E é o que mais me custa, a frialdade do mar, que eu gosto mesmo de nadar e de mergulhar e de boiar preguiças. Aos poucos o areal deserta-se e, muitas vezes, ficamos completamente sózinhos, já com a lua a colorir os céus e as luzes do outro lado e da marginal a estrelarem as vistas. Voltamos tarde, mesmo tarde, e os miúdos jantam e tomam banho e adormecem a desoras, o que me há-de dar uma trabalheira a reverter ali uns dias antes da escola do maior começar. Mas nestas férias que não sabem bem a férias por não nos termos atrevido a permear muitos quilómetros da maternidade e do aconchego da casa cor-de-rosa, estes fins-de-tarde são o que temos tido de mais parecido com verão.

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