sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

querido pai natal


Desde que ele nasceu que vivo um bocadinho desorada. Também a desoras, que faço muitas coisas a horas impensáveis, depois dele adormecer e antes de acordar, mas sobretudo desorada. Sempre atrasada, raramente a horas, nunca adiantada. E eu antes não me atrasava e até me adiantava muitas vezes. Agora os ponteiros do meu relógio são (des)acertados por ele. Pela sesta dele, pelas noites dele, pelo almoço e lanche e jantar dele, pelas estórias para contar e brincadeiras para brincar. Eu quando estava grávida li os livros e sabia que não ía sobrar muito tempo para outras coisas mas não estava à espera de tamanha desorientação e durante tantos anos. Agora já desisti de usar relógio de pulso. Pelo menos não fico (tão) atrasada, apressada, esbaforida e histérica.
Claro que nos atrasei a escrever a carta ao pai natal. Os dias foram passando e só na segunda é que escrevemos, pintou, desenhou o carro e o camião, envelopámos (encontrei a morada aqui), exibiu a carta a todos os desconhecidos com que nos cruzámos, tirou selo da máquina, pôs no correio. Como o miúdo não entende patavina da logística dos CTT elucidei-o Amanhã chega lá, quarta e quinta fazem, sexta embrulham, sábado carregam no trenó, domingo à noite o Pai Natal traz, domingo desembrulhas. Isto, claro, se eu ainda encontrar horas e paciência para procurar um camião azul grande (Grande de que tamanho, filho? Enóme, mãe.) e um carro azul grande (Grande, também? Sim, mãe, um enóme.), que o miúdo não primou pela imaginação mas esmerou-se nas dimensões...

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