terça-feira, 19 de dezembro de 2006

s de simão, r de rita, c de boba


As letras sim, essas foram completamente por iniciativa dele. Começou quase sem eu dar por isso a perguntar se os ós eram zeros e que números eram aqueles por baixo dos desenhos e se o s de simão era um seis. Fui respondendo. Não sou muito apologista dos miúdos aprenderem a ler antes de ir para a escola. Eu comecei a ler aos quatro e a escrever aos cinco e depois passei a primeira classe muito chateada porque já sabia o que os outros ainda estavam a aprender. Lembro-me muito claramente da má sensação de não estar lá a fazer nada. Mas ele começou a perguntar-me e agora já sabe imensas letras e até já reconhece várias palavras e diz que quer sabê lê. Pede-me para ir correndo o dedo nas frases das estórias, reconhece o ponto de clamação e o de inteogaão, É uma pegunta, poi é?, quer saber para que serve o travessão e porque é que há letras grandes e pequenas, diz Olha! Um T! Um P! Olha! Um A! E um X de xixi! em matrículas, pacotes de leite, jornais, nomes de lojas. E eu, que tinha receios que os frenesins lhe trouxessem distracções, fico satisfeita com o interesse e a facilidade com que aprende mas apreensiva com a repetição de experiências. Não lhe desejo tédios em salas de aula. Pelo menos no início.

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