quinta-feira, 15 de março de 2007

arquivado

Reorganizo-nos o ano. Furo, agrafo, agrupo por temas, encaixoto, encapo, rasgo e deito fora. Escrituras de compra e venda. Recibos e mais recibinhos. Facturas da água, facturas da luz, facturas do telefone, facturas da net, facturas de tudo. Seguro do carro. Selo do carro. Inspecções do carro. Do que já não temos. Do que temos agora. Certidões de nascimento, certidões de óbito dos meus sogros. Multas. Multas? Papéis inúteis, rabiscados com desimportâncias. Perco dois dias nisto, interrompidos constantemente pelos Então, mãe, ainda não tá? e pelos O que é ito? Posso mexer? Dois dias desaproveitados em desarrumações de papéis que se vão acumulando ao longo do ano. Uma preguiça imensa, enorme, de cada vez que penso Tenho que desconfusar aquele monte de despréstimos, Agora não tenho tempo, amanhã ou depois trato disso. Eu sou organizada mas as papeladas desorganizam-me. Gastam-me horas. Confusam-me. Ter a vida espartilhada em quatro prateleiras de dossiers de datas e receitas e gastos e nascidos e casados e morridos. Ser sujeito passivo, ele ser dependente. Sermos habitantes de arquivos empoeirados.
Atraso-me. Entrego sempre o irs no último dia.

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