quarta-feira, 22 de novembro de 2006

os porquês

"O que se esquece é como se nunca tivesse acontecido"
Uma amiga promovida a conhecida com o passar dos anos e o nascer do filho (coisa triste, estas amizades que diminuem...) falou-me dos blogs mais ou menos há um ano por causa do trabalho. Eu era quase analfabeta na net e sabia lá o que era um blog... Procurei e descobri os hand made. Procurei mais e descobri os filhos, as mães, as opiniões, os pais, os não casados, as músicas, os animais, os poemas... Ao princípio fiquei um bocadinho estupefacta, aumentei as desvantagens, atolei-me de dúvidas. Então e os depois? Então e o puto com quinze, dezanove, vinte e três anos, os amigos e as namoradas a lerem infantilismos e birras e xixis nas cuecas? E gente estranha a saber das nossas minhoquices? E, e, e mais e... Ultimamente aumentei as vantagens e atolei-me novamente de dúvidas, mas ao contrário. Então e o puto, novamente nos depois, a dizer-me a mãe do meu amigo fez-lhe um blog de quando ele era bébé... E de repente, no meio de tanta oscilação, começou a apetecer-me. O filho, as fotos do filho, as pequenas palavrinhas, a cadela, a gata, as coisas de todos os dias, aqui guardados e perdurados. Não apontei nada desde que ele nasceu. Não sei a data do primeiro sorriso, o primeiro corte de cabelo, o primeiro papá, o primeiro pastel de nata (e o que ele gosta de tanéis nata!). Levei na mala para a maternidade um caderno e lápis para escrever os primeiros dias de mãe e filho e, até agora, está em branco. Não tenho um diário de gravidez nem de bebé nem de menino. Quando encontro palavras e gestos apontados nas costas das fotos e desenhos dele surpreendo-me e aborreço-me com tudo o que esqueci e reafirmo tenho que começar a escrevê-lo! E nunca começo porque não tenho tempo e porque tenho que fazer o almoço e porque tenho que trabalhar e porque tenho que brincar com ele e porque... E ele vai crescendo e mudando e eu vou não tendo tempo... Por isso decidi que é agora. Mesmo que mais tarde ele não goste ou não queira ler, mesmo que me (e o e nos) exponha demasiado, mesmo que a casa fique por limpar, mesmo que me arrependa depois, tem que ser agora. Porque me apetece muito.

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