terça-feira, 30 de janeiro de 2007

estória dos dedos brincalhonos


Era uma vez cinco meninos dedos que viviam numa casinha muito pequenina. Ete subia à ávore, ete subia à outa ávore, ete entra pela porta, ete anda no telhado e ete empoleia-se nas janelas. Acabou. Queo lavar a mão.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

às direitas


E depois, às vezes, quando não espero, espanto-me com as facilidades. Como com a caminha de menino. Fui adiando a reforma das grades até ele quase não caber lá. O miúdo passava-me as noites destapado, com a cabeça no sítio dos pés, retorcido, a meio, com braços entalados, com pernas presas. Cheguei a enfiá-lo dentro de quatro pijamas e de fatos de neve e de sacos-cama para evitar as constipações dele e as más disposições minhas por passar a noite a levantar-me para o tapar e endireitar. Assim calculei muita queda, muita nódoa negra, muito galo na testa, muita choradeira, muito levantar a meio da noite. Depois, com ele já nos três, vi a caminha com o cão e o gato e achei-a perfeita. Ainda hesitei um segundo por causa das cores fortes mas como os brancos e azuis anteriores não o acalmaram e até li que o laranja favorece a boa-disposição e o amarelo a concentração, ganhou uma cama, uma mesa e uma cadeira assim mesmo, vermelho, amarelo e laranja. E foi amor à primeira vista. Chamou logo Boba ao cão e Tai ao gato e disse Eu agora queo domir aqui. Ainda o enchi de barreiras e edredons no chão nas primeiras noites mas depois foi ele que disse que não era preciso Eu não caio. Sempre que o vou ver antes de ir dormir está tapadinho, sossegadinho e direitinho. Acho que vou espalhar amarelos e laranjas por outros sítios a ver se a calma das noites também se instala nos dias...

às avessas

Estava previsto para dez mas adiantou-se e, sem avisos de dores, nasceu a trinta, inesperado e súbito. Foi sempre assim, desde a primeira respiração sózinho, especialista em reversos. Quando eu esperava sonos, tinha despertares. Quando esperava calmas, tinha choros. Quando esperava fomes, tinha faltas de apetites. Quando lhe cumpria as rotinas, tinha quebras. Quando havia imprevistos, ele repetia os horários anteriores. Trocou-me as voltas e as teorias desde o primeiro dia. Assim, preparo-me sempre para o pior. Antecipo dificuldades, prevejo desagrados, negativizo, estreio-me pessimista. Primeira papa? Primeira sopa? Começar a andar? Usar o bacio? Falar? Comer sózinho? Espero sempre acelerações onde faziam falta vagares e imaturidades onde faziam falta pressas. E, regra geral, tenho-as. Neste difícil puzzle da maternidade que me esforço por construir o melhor que sei e consigo o meu filho mostra-se-me todos os dias como peça contrariada em encaixar nos sítios novos. Vou limando arestas, acrescentando bocadinhos e acenando com seduções de meninos grandes a ver se no fim de tanta turbulência equilibramos o desenho final.

desorganizamo-nos

"O que o bebé faz é trabalhar, trabalhar... Desorganiza-se, digamos assim, quando começa a olhar para um cubo, quando começa a pôr-se de pé, quando dá os primeiros passos... E depois estabiliza, estabiliza, reorganiza-se, reorganiza-se... E depois envolve-se em tarefas que são proporcionadas pelo seu sistema nervoso central, para novas descobertas, para novas conquistas, para novas etapas... O subir escadas, o descer escadas - tudo isso são grandes factores de desorganização. Para lhe dar um exemplo: o primeiro grande factor de desorganização são as cólicas. Quem é que não conhece as cólicas do bebé? E ainda perguntam os pais, dê-me remédio para as cólicas, dê-me gotas... E quem não tem este modelo dos "Touch Points" na cabeça, que a um processo de desorganização se segue obrigatoriamente uma estabilização, quem não entende isto é tentado a dar umas gotas milagrosas para resolver as cólicas de cada bebé."
Pediatra João Carlos Gomes-Pedro, um bocadinho de um bocadinho de uma entrevista.
O meu filho, que corre em vez de andar, que grita em vez de falar, que mexe no que está à mão e fora dela, que me desorienta as arrumações e as limpezas e os cozinhados, é organizado e tem o quarto mais arrumado do que eu consigo ter o resto da casa. Sabe o sítio de todos os brinquedos, arruma-os por iniciativa dele antes de ir dormir e vigia-me ferozmente enquanto limpo o pó para confirmar que não os destroco de caixa ou de prateleira. Muitas vezes há carrinhos e bolas espalhados e esquecidos na sala e cozinha mas no quarto dele estão todos nos sítios certos. Quando chegam coisas novas e é preciso reorganizar os espaços têm que se usar lógicas, explicações e paciências senão há birras e irritações. Partindo do tal pressuposto que já ouvi muita gente defender que a organização exterior reflecte organização interior, fico satisfeita pelo miúdo e pela suposta arrumação de ideias e pensamentos na cabecinha.
Ora o meu filho, tal como não gosta que eu lhe (des)organize o quarto, ainda detesta mais as (des)organizações do crescimento. Argumenta com a pequenez, irredutível, tal como noutras situações argumenta com o já ser grande, também irredutível. Responde-me que ainda é pequenino para se calçar sózinho, para se esponjar no banho, para comer uma refeição inteira com a colher dele, para gostar de sopa, para calçar os sapatos. E a seguir responde-me que já é quase-quase-rapaz para mexer em facas, para não gostar da roupa, para me ajudar a cozinhar, para não se calar quando lho peço, para não dormir à tarde, para me pôr de castigo sózinha no quarto... E eu às vezes fico furiosa, mesmo furiosa, e apetece-me fazer uma birra e teimosar que ele tem quase quatro anos, mais do que idade para se desenrascar e não ser tão bebézão, e dizer disparates como Se tivesses dois ou três irmãos isto não era assim e se e se... Mas eu já não tenho idade para birras e teimosias. Deito água nas fervuras e vou insisitindo com calma e jeito e distraindo e mimando. E resulta. Devagar, mas resulta. Mamã, eu já sei lavá os dentes sózinho. Eu fecho a toneia. Eu faço o sumo de laianja. Eu arrumo os sapatos. Eu ponho o copo na máquina. Eu ajudo-te, mamã. Eu quéo quescer e ser gânde.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

mas... mas é que eu ainda sou pequenino

Mamã, tu dás. Ambidestro-me. Como com a esquerda, dou-lhe com a direita. Conto estórias, faço jogos, invento formas para as fatias de maçã, enfio garfadas-avião, garfadas-carro, garfadas-meteoritos...Tudo é preferível a um prato cheio e a uma barriga vazia e ele sabe disso e aproveita-se para preguiçar e para brincar com copos e talheres.

mas... eu ainda sou pequenino

De dia foi mais fácil. Foi sendo trocada por outros entreténs mais coloridos e mais divertidos. Já há muito que a iniciativa de a arrumar no cestinho no armário sem mais queixumes assim que acorda é dele mas quando nos cruzamos na rua com alguma finjo que não noto as saudades nos Oh mãe, olha, aquele bebé tem uma chucha! As noites são mais difíceis. Pijama vestido e dentes lavados, aí estão a fofinha (fralda) e a chuchinha prontinhas para ouvir a estória. Pensei que talvez conseguisse tirar a segunda e deixar-lhe só a primeira mas já percebi que ele não vai em metades facilmente. Embora a largue assim que adormece e passe a noite inteira sem ela na boca prevejo-lhe um futuro de brackets e arames que não me agrada nada por já o ter experimentado sem grandes resultados...

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

eu ainda sou pequenino

Da maneira que acorda molhado quase todas as manhãs (calças, camisola e lençóis...) de certeza que tão cedo não nos safamos da fralda da noite...

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

quem quer casar com a joaninha?

Mãe, o pai contou-me a tóia da joaninha chateada. Era uma vez uma joaninha que andava muito chateada a varrê o chão e encontou uma moeda e foi pá janela gritá...
Não, não é uma joaninha, é uma carochinha, é a estória da carochinha.
Não, não, joaninha, joaninha! A joaninha chateada! É a tóia da joaninha chateada!
...
Contaste-lhe a estória da carochinha?
Carochinha? Não era joaninha? Joaninha e João Ratão?
...
Já existindo no Brasil a Dona Baratinha e Dom Ratão, parece que temos versão nova cá por casa...

domingo, 14 de janeiro de 2007

quiquiriqui


Em contrapartida este, da mesma editora e comprado quase ao mesmo tempo, é muito gostado e muitas vezes recontado. "A mamã galinha vivia muito feliz com o seu filho Quiquiriqui." Bom começo, final feliz, fácil de contar pelas vozes e sons e atchins que se pantomimam quase sem dar por isso. É o responsável por ele me andar sempre a pedir Mamã, tu vais fazê um bolo?, pelo rebaptizamento de todos os gatos pretos em gatos pelados e pelos picotá picoti picotá picoti que muitas vezes nos ritmam as garfadas ao almoço e jantar.
Quiquiriqui, Marisa Núñez e Helga Bansch, OQO Editora

sábado, 13 de janeiro de 2007

papas de arroz com noz

Pesadelos a sério, com choro pânico e gritos aflitos, só dois. No primeiro foi uma abelha que nos interrompeu os sonos. Quando lá cheguei, estremunhada pela novidade, disse-me, entaramelado de enormes lágrimas, que lhe tinha picado com muita força e que lhe tinha doído muito. Na noite seguinte voltou. Na terceira fartou-se e, muito prático e valente, deu-lhe uma palmada e ela fugiu com medo paia a casinha dela e acabou com aquilo sem mais delongas. Passadas umas noites chegou a ovelha e mordeu-lhe uma orelha. E aí eu reconheci logo o ritmo do "lobo feroz farto de papas de arroz com noz"...

Comprei-lho pelos castanhos tão bonitos, pelos desenhos e pela cadência lengalengada que se vai repetindo, crescendo e musicando a estória ("sou o Loboferoz, farto de cabras, de burros, de ovelhas, de vacas, e de papas de arroz com noz"). Leio-os sempre antes de os comprar, não gosto de surpresas desagradáveis à hora de os contar e este não me pareceu excessivamente violento. Enganei-me. Depois de o ouvir calado várias vezes começaram as dúvidas Ete lobo é bonzinho ou mau, mãe? A vaca é má? A ovelha é má, pois é? Ela modeu! e aí tive que me socorrer da comparação para lhe explicar instintos e naturezas e defesas, não, não são maus, estão a defender-se, o lobo também não é mau, é a natureza deles. Num mundo de opostos certos isto não encaixa muito bem. Trocou os bons versus maus pelos fracos versus fortes mas as dúvidas persistem. Sabe o livro de cor mas nunca mais o quis ouvir, não vão a cabra, o burro, a vaca ou o porco irromper-lhe pelos sonhos adentro...
O Loboferoz, Patacrúa & Chené, OQO Editora

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

boa almofada

Tem maus comeres mas bons dormires, valha-nos isso. Não foi sempre assim. Lembro-me dos primeiros meses de sonos muito curtos e de choros muito constantes e muito altos. Lembro-me de começar a andar e de acordar a meio da noite, sempre às duas e picos, a saltar e a andar na cama, fresco e ansioso para pôr em prática a todas as horas a recém-conquistada proeza. E lembro-me dos poucos meses de infectário e das noites inteirinhas em branco à volta de tosses e ranhos e diarreias e vómitos e pânicos. E lembro-me vagamente que na altura achei muito difícil. Muito, muito, mesmo muito. Lembro-me de ter sempre sono e de só pensar em dormir e de achar que nunca mais na vida voltava a ter uma noite inteira de sonhos sossegados. Eu, que até nem sou bicho de muitas horas de sono, só queria dormir. Mas a maternidade é como o parto, acho eu, esquecem-se as dores, as insónias, as birras, os maus modos... Passam e parece que não tiveram grande importância, que não doeu assim tanto, que não custou assim tanto. Será por isso que dizem que as mulheres ficam mais desmemoriadas depois dos filhos?...
Excepções feitas, a regra é de dez a onze horas de sono seguidinho, com direito a adormecimentos sózinho e a acordares bem-dispostos. Terrores nocturnos, pesadelos, monstros, dragões, bichos ferozes, morcegos, fantasmas, aranhas? Durante o dia há muitos cá por casa. Saltam dos livros, das prateleiras e da imaginação, andam de carrinho, jogam às escondidas e pregam sustos, mordem e fazem sons guturais. À noite, cansados de tanta agitação, falta-lhes energia para atormentar os sonhos do filho e acordar os sonos dos pais. E nós agradecemos muito os serões sossegados, as horas de sono descansado e os sonhos felizes contados logo ao acordar.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

mau garfo

Couves-de-bruxelas, esparregado, cogumelos, couve-flor, feijões, sopa, lentilhas, iscas, beterraba, alcachofras, bacalhau, soja, grão, couve-lombarda... é natural, já estava à espera de que não gostasse. Os miúdos são assim mesmo, não engraçam com certas comidas. Quando com um ano e tal devorava avidamente colheradas de sopa e de peixe cozido e brócolos e cenouras eu estranhei a fartura e preparei-me para aquilo não durar para sempre. E não durou, claro. Agora... arroz? Esparguete? Puré de batatas? Batatas cozidas? Frango? Ovo estrelado? Atum? Fiambre? Salsichas? Não gostar destes? Não gostar de quase nada? Comer com gosto pouquíssimos alimentos e não enjoar a monotonia da repetição? Recusar-se a provar não góto, sou muito quesito, blharc? E gostar de pão integral e de manteiga magra e dos meus cereais nada doces e de barrinhas light e de molho bichamel?...
O blharc geralmente é a gota de água para me danar. Ultimamente rio-me (e ele comigo) para disfarçar e conseguir contar até dez.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

agridoce

Mãe, os bolos são doces? Sim, filho, levam açúcar.
Mãe, o pão é doce? Não, não é doce, é salgado.
Mãe, o queijo leva açúcara?
Mãe, os iogutes são doces ou salgados?
Mãe, a caninha leva sal?
Mãe, a manteiga não é doce, pois não?
E as batatas fitas, mãe, são doces?
Hum... mãe? Eu não góto de salgados. Eu só quéo comê doces!
Com o fim das festas têm que se acabar os açúcarados cá por casa a ver se isto não fica incontrolável. Que umas gordurinhas a mais não lhe faziam mal mas os aportes de energia, as cáries e a teimosia dão-me dores de cabeça. E ainda não descobriu as gomas e os rebuçados...

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

das horas

O miúdo ainda não tem despertador nem relógio de pulso e isso é sinal de que as pressas dele são outras. Mas pergunta muitas vezes Que horas são, relógio? e eu tenho que responder com tics e tacs e minutos e segundos que ele não entende, porque explicar-lhe que um ponteiro que aponta para as quatro na verdade marca vinte não é tarefa fácil. Quero eu dizer com estas palavras todas que embora ultimamente ele me pareça muito interessado em horar os dias, eu não tenho a certeza de lho saber explicar em condições. Porque para além de viver desorada, com ele desaprendi o tempo. Pelo menos o tempo marcado pelos relógios. Uma birra de segundos no meio de um supermercado apinhado parece durar três horas. Uma hora de cócegas e gargalhadas e corridas e futeboladas passa em segundos. Quando tenho pressa de o vestir e lavar e pequeno-almoçar os ponteiros põem-se a rodar mais depressa e atraso-me. Quando não tenho sítio nenhum onde estar a horas certas despachamo-nos em cinco minutos. Ele engana-se e diz boa-noite à hora da sesta e boa-tarde à noite. Pergunta muitas vezes se ainda é de manhã, se agora é o lanche, se já é de noite outra vez. Tenho a certeza que o tempo que me falta a ele lhe sobra. É por isso que ando aversa a relógios. Não servem mesmo para mais nada senão para dizerem que estou atrasada e que o tempo passa e que não consigo pará-lo. E que por mais que faça nunca vou ter o tempo todo de que precisamos. Não preciso que uns ponteiros minúsculos mo lembrem a cada segundo...

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

acordares

Ainda não percebi quem gosta mais de preguiçar as manhãs na cama gânde:

ela...

... ou ele. A grande diferença é que ela fica-se por plácidas ronronadelas enquanto ele, depois de uns curtos segundos de mimos ensonados, transforma as flores em pistas de carros de corrida, o edredão em disfarce de sámpama e as almofadas em grandes ondas do mar. Tendo direito a um pedido para 2007 eu cá pedia calma para o miúdo, que a minha vem por acrescento.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

três, dois, um... 2007!

Pela primeira vez ele não estava a dormir quando os fogos coloriram os céus lá fora. Bateu tampas, divertiu-se com os copos a partirem-se, comeu as passas, talvez tenha desejado alguma coisa, gritou muito mais alto do que nós, saltou e riu-se muito. Pela primeira vez entrámos juntos. Não pode ser um ano mau...

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

gigões e anantes

Gigões são anantes muito grandes.
Anantes são gigões muito pequenos.
Os gigões diferem dos anantes:
uns são um bocado mais, outros um bocado menos.

Era uma vez um gigão tão grande, tão grande,
que não cabia. - Em quê? - O gigão era tão grande
que nem se sabia em que é que ele não cabia!
Mas havia um anante ainda maior que o gigão
e esse então nem se sabia se cabia ou não!

Só havia uma maneira de os distinguir:
era chegar ao pé deles e perguntar.
Mas eram tão grandes que não se podia lá chegar!
E nunca se sabia se estavam a mentir!

Então a Ana, como não podia
resolver o problema, inventou uma solução:
xixanava com eles e o que ficava
xubiante ou ximbipante era o gigão,
e o anante o que fingia que não.

A teoria nunca falhava porque era toda
com palavras que só a Ana sabia.
E como eram palavras de toda a confiança
só queriam dizer o que a Ana queria.

Manuel António Pina in "Gigões & anantes" (1974)

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

sampámas e tampussas



Claro que mesmo só com os rs em falta ainda há imensas falhas linguísticas. Sílabas comidas, trocadas, adulteradas. Umas quase ao pé do original (difícilo, fácilo, açucara, desenhos aminados na tisãose, tlefolar ao tlefófole, tirar um igutemuango do fiífico, tirar uma togafia), outras distantes o suficiente para não se perceberem (tampussas, sampáma, rrarrete, pécáno) e outras preguiçosas e apressadas (cábanho, ontá?, pa qué sevir?). Um autêntico Chico Bento!, chama-lhe o pai.Chico não, pai, Simão! Enganáste!
As tampussas dele apitam e fazem vruuummm (baixinho, felizmente...) e vieram cá parar a casa em vez das botas de borracha que estavam ou grandes demais ou pequenas demais. O sampáma foi feito pelo pai, pintado por ele e grande protagonista de uuuuuus e búúús no Haloween e dias seguintes. Um rrarrete vive noutro planeta e vamos às compras ao pécáno.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

de meno a mais

Digna de nota, mesmo, foi a chegada dos plurais. O 2006 terminou marcado pelos ss que antes eram silenciados e agora são tão exagerados que às vezes até parecem xs: doiS sapoS, percebeS, comidaS, vêS?, cãeS. Assim de repente parece-me que já só lhe falha o r quando sózinho, umas vezes comido (dinossauo, flô), outras transmutado noutra coisa (besouo, livlo), às vezes obrigando a letra antes a mudar-se também (guincar - brincar, guianco - branco). Se bem que era capaz de jurar que as baratas já são baratas. E hoje de manhã, a acompanhar as torradas, andou a tentar trocar nuvias por nuvens e cosias por coisas.