quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

aqui mesmo ao lado

Estragam-me o miúdo com mimos e protagonismos...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

diferenças

Não estava demasiado preocupada, que não sou de pânicos antes das confirmações dos problemas, mas queixei-me ao médico assim que lá cheguei. Que o puto mais velho a partir das vinte semanas pontapeava vigorosamente e sem margem para confusões. E no monitor das vinte e poucas semanas, em confirmações das minhas impressões, virou e revirou, cambalhotou e pinou. Agora este, o que cá está dentro, já nas vinte e meias, nada. Nem quando me sento nem quando me deito. Nem à noite nem de manhã. Pélvico, mostrou-me o médico, o miúdo está pélvico. Mexe-se mas sem reviravoltas. Sentado e sossegado.

Será desta que me nasce um puto descansado?

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

um livro à terça


Se eu fosse muito forte "podia mandar parar imediatamente todas as lutas e todas as guerras e as fábricas das armas transformavam-se em padarias, bibliotecas e jardins." é a página preferida no meio de muitas outras igualmente apetecíveis.

Se eu fosse muito forte, António Mota (texto) e Rui Castro (ilustração), Edições Gailivro

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

marionetados

Ontem rodopiámos num carrossel à volta do sol. Hoje reduzimo-nos aos centímetros de um polegar e pedimos ao gigante para se assumir ratinho. Voltámos com pena dos quilómetros que nos separam deles e que nos impedem de ver os outros todos.

domingo, 7 de dezembro de 2008

cool

Também da escola importa para os discursos o fixe, o bué, o muita grande e o muita giro, o e concerteza qualquer dia o dah se entretanto não se substituir por outro idêntico. Vou corrigindo o muita e fingindo que não oiço os outros mas confusa-me um bocadinho ouvir junto com a loconotiva, o astociamento e o preziso dos cinco anos adolescentismos que só deviam nascer daqui por uns seis ou sete anos...

sábado, 6 de dezembro de 2008

yellow submarine

Foi adiando, atrasado pelas indecisões do Eu este ano não sei o que pedir... Não por uma questão de farturas no quarto, parece-me, que eu uso de (muita?) parcimónia nesta estória das brincadeiras e fiscalizo (demais?) o que lhe habita as caixas vermelhas e os entretenimentos. Mas o miúdo nem imagina que há meias-horas seguidas de anúncios a brinquedos, folhetos nas caixas do correio para pôr cruzinhas nos preferidos, lojas grandes só para meninos e desde meados de outubro que nas poucas visitas ao supermercado grande não avançamos dos corredores das comidas e dos detergentes.

Mesmo assim, da escola, vão-me chegando os ecos de outros modos de viver e educar. Junto com os Os meninos não vestem cor-de-rosa e os Bonecas são só para meninas chegam-me Os carros da hot wheels que Sabes, mamã, são muito rápidos e chocam uns contra os outros e Os gormitis que O João Tomás leva sempre um saco cheio deles e O Faísca McQueen que O Francisco já tem a colecção toda dos carros do filme, o que é uma colecção? Acho úteis para os crescimentos, as diferenças, mas aborrecem-me muito os excessos indiscriminados e os Eu também quero que têm vindo a aumentar e que prenuncio irem proliferando desmesuradamente ao longo dos anos e das convivências até ganharem (se calhar por muito...) às práticas caseiras.

Preparei-me por isso para pedinchices de carros velozes e de bonecos ferozes de marcas conhecidas. Em vez disso recebi um Já sei, vou-lhe dizer para ele me trazer o que quiser. Mas depois encantou-se com um documentário sobre as profundezas dos oceanos e decidiu-se mesmo em cima do papel por um submarino e um cachalote. Porque eu ainda não tenho nenhum submarino nem nenhum cachalote.

Afinal enganei-me. Casa - 1 / Escola - 0. Por enquanto...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

carta ao pai natal

Olá Pai Natal.
Sou o Simão e tenho cinco anos. Moro em Lisboa na rua ..., no número....

Gostava que me trouxesses um cachalote e um submarino. Gosto muito de ti e gosto muito de brincar com as coisas que tu me trazes e gostei muito da tua carta.
Tenho-me portado mais-ou-menos por isso espero que me tragas prendas.
Tenho um mano na barriga da mãe que vai nascer em março. Gostava que trouxesses uma chucha e uma fofinha para o meu irmão.
Quero mandar-te muitos beijinhos e acho que te vou deixar uma prenda ao pé dos meus sapatos. Se tiveres muita fome eu ponho-te três fatias de bolo e um copo de leite e uma cenoura para o Rodolfo. Se ele tiver muita fome ponho duas ou três. O Rodolfo é muito bonzinho e muito querido. Espero que corra tudo bem na tua casa e na viagem. Gosto muito de ti. Muitos beijinhos. Simão.

Ele ditou, eu escrevi, ele assinou às cores. Depois coloriu um cachalote e um submarino numa folha e uma chucha e uma fofinha (fralda de pano) noutra. Envelopámos, selámos e enviámos para a morada de onde em abril nos há-de vir uma resposta em brasileiro a falar das estações do ano lá nos países frios.

Aos quase seis anos cada vez acredita mais nas magias.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

manhãs

Nos fins de semana aparece-nos sempre às sete e poucos, empijamado, quentinho e despenteado para se toupeirar no meio de nós. Fala, remexe-se, cantarola, tamborila nos ferros da cama e pergunta-nos muitas vezes Mas porque é que ainda aqui estão deitados?

Nos dias de semana resmunga bocejos, nãos e Quero dormir só mais um bocadinho quando o acordo com beijinhos e cócegas às sete e muitos.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

natal

Dourámos e iluminámos a sala, adventámos a parede. O natal chega-nos sempre no dia um.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

um livro à segunda

Sexta e sábado fiquei reclusada por causa das febres, ontem e hoje por causa desta água que me encharca o estendal e acinzenta os humores. Vale-nos o Frederico, ratinho perfeito para estes dias descoloridos. Enquanto a família acumulava trigo e milho e centeio, o Frederico arrecadou cores, raios de sol e palavras para animar os dias tristes de inverno. Deprimida com o escuro lá de fora valho-me das provisões dele para nos animar as tardes.

Oh mamã, eu também quero ser poeta como o Frederico...

Frederico, Leo Lionni, Kalandraka