terça-feira, 9 de janeiro de 2007

das horas

O miúdo ainda não tem despertador nem relógio de pulso e isso é sinal de que as pressas dele são outras. Mas pergunta muitas vezes Que horas são, relógio? e eu tenho que responder com tics e tacs e minutos e segundos que ele não entende, porque explicar-lhe que um ponteiro que aponta para as quatro na verdade marca vinte não é tarefa fácil. Quero eu dizer com estas palavras todas que embora ultimamente ele me pareça muito interessado em horar os dias, eu não tenho a certeza de lho saber explicar em condições. Porque para além de viver desorada, com ele desaprendi o tempo. Pelo menos o tempo marcado pelos relógios. Uma birra de segundos no meio de um supermercado apinhado parece durar três horas. Uma hora de cócegas e gargalhadas e corridas e futeboladas passa em segundos. Quando tenho pressa de o vestir e lavar e pequeno-almoçar os ponteiros põem-se a rodar mais depressa e atraso-me. Quando não tenho sítio nenhum onde estar a horas certas despachamo-nos em cinco minutos. Ele engana-se e diz boa-noite à hora da sesta e boa-tarde à noite. Pergunta muitas vezes se ainda é de manhã, se agora é o lanche, se já é de noite outra vez. Tenho a certeza que o tempo que me falta a ele lhe sobra. É por isso que ando aversa a relógios. Não servem mesmo para mais nada senão para dizerem que estou atrasada e que o tempo passa e que não consigo pará-lo. E que por mais que faça nunca vou ter o tempo todo de que precisamos. Não preciso que uns ponteiros minúsculos mo lembrem a cada segundo...

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