quarta-feira, 15 de agosto de 2007

heureuses lueurs

São colheres quase inutilizadas pelo cimento, estilhaços de espelhos, tábuas que em tempos andaimaram obras, cafeteiras enferrujadas, torneiras desusadas, despertadores desponteirados, lâmpadas cheias de água. Restos enlixados pelos outros. Caixas de música, motores de varinhas mágicas, imagens recortadas, celofanes azulados, cordas e muitos arames. E as essenciais lentes "barrigudas" que nos põem de pernas para o ar quase sem nos estontearmos. E, claro, as luzes, que quando se acendem transformam os desperdícios em imagens e contos. Misturas inusitadas a que Flop Lefebvre chamou Máquinas de poesia e luz e que estiveram no Centro de Pedagogia e Animação do CCB até hoje. O miúdo concerteza se tivesse mais uns quatro ou cinco somados aos quatro que tem não se distraía metade do que se abstractou e fantasiava noutro percebimento (o outro pequeno do grupo, com os mesmos anos e um nome também terminado em ão, acabou por fugir para a rua na terceira sala e fazer uma birra; o de nove? dez? participou entusiasticamente nas experiências com lanternas e nas invenções dos enredos) mas mesmo assim decifrou as imagens e gostou das estórias. Escusava-se era tanto gatinhamento à cão pelo chão e tanta excitação. Eu cá fiquei encantada.

Sem comentários: