sábado, 29 de setembro de 2007

o corpo humano


Amanheceu tússico, ranhoso, febril e agastado. Aborrece-me, este lado da vida escolar, que me devolve um miúdo fatigado nos fins de tarde e adoentado nos fins-de-semana. Caseirámos, até porque o dia também amanheceu molhado, a ver se melhora, e exauri-me entre pinturas, plasticinas, livros e comboios, que o miúdo quase não se entretém sózinho e quando está doente os Mãe, brinca comigo! agravam-se em quantidade e volume. Valeram-nos os fantoches que afinal não foi preciso comprar porque ainda estavam encaixotados na casa velha pacientemente à espera dos crescimentos dele. Falsetei meninos, animais, o Pai Natal e o palhaço Rui em espantos com um corpo não de pano.

Oh menino, o que tens aqui?
É uma boca!
E para que serve?
Para entrar a comida.
E isto?
É o queixo, é para me queixar.
E o cabelo, para que serve?
Para se lavar, claro!
E isto aqui em cima?
É a testa, é para pôr a mão e ver se tem febre.
E o nariz?
Para deitar ranho e tirar macacos.
E as orelhas?
São para abanar, assim com as mãos, vês?
E as mãos?
Para segurar os dedos! Senão caíam...
E as pernas?
Para dobrar. Assim! Vês? Pa baixo, pa cima, pa baixo, pa cima... E isto são os pés, para calçar os sapatos.
E a barriga?
Para guardar a comida, claro! E o estôgamo também é para guardar a comida!
Hum... e este buraquinho, o que é?
É o bigo! Serve para nascerem os cotõezinhos!

Guardo o momento anatómico do dia. A ver se amanhã há menos ranhos e menos chuvas que acho que já esgotei os recursos todos do entretenimento caseiro...

Sem comentários: