sábado, 5 de janeiro de 2008

cadernada

Eu costumava habitar as folhas com umas letras bonitinhas. Magrinhas, esticadinhas, tão regulares as minhas palavras. Tranquilas. Agora atropelam-se, sempre em urgências pelo ponto final. Os is perdem os pontos, os émes esquecem-se da última perna, os tês prescindem do traço, os érres fingem que são us. Olho para estas palavras moças, incompletas, desregradas, informes, e não as reconheço como minhas. Não me reconheço. Eu não sou assim. Eu gosto mais de manuscritar do que de teclar. Eu gostava das minhas letrinhas magrinhas. Eu gostava de me sentir com mais vagares.

Comprei um caderno. No mesmo dia em que comprei a agenda. Lindo, o caderno, vermelho com flores pretas e brancas. Tão lindo que ainda não consegui parar de olhar para ele. Não faz parte das minhas resoluções mas o que eu espero mesmo é sobrecarregar-me com ele para todo o lado e escrever. Escrever muito. Com letras magrinhas, esticadinhas, vagarosas...

1 comentário:

Anónimo disse...

Oi Angela! Feliz 2008! Me identifiquei muito com seu texto, pois também estou passando pela mesma coisa que você. Mas acho que isso é bom! Beijos!