sábado, 28 de junho de 2008

férias de verão dele


Pedir-lhe auxílios tornou-se a melhor resposta aos Não tenho nada para fazer... constantes assim que me desocupo dele. Lava a loiça, varre, alimenta a cadela e as tartarugas, rega a mini-horta, põe e tira as molas no cesto, soma a alface e o tomate e a cenoura à salada, vigia o peixe que nos enche o rectângulo lá detrás de cheiros e de fumos. Sabe-me bem, fazermos estas coisas em duplicado, embora a maioria dos préstimos me atrase mais do que me acelere, mas incomodam-me as queixas com o sobejo de tempo e a míngua de ocupações. Depois diz outra vez Não sei o que fazer... e eu lembro-lhe lápis de cera e aguarelas e bolhas de sabão e legos e a pista dos comboios e um alguidar-lago lá fora para os pinguins e focas e baleias e tubarões se mergulharem e refrescarem. E depois diz outra vez E agora, o que é que eu faço? e eu rio-me e cantamos e lemos, mas apetecem-me resmungos sobre os meus três meses e tal de férias de verão de pequena e como inventava entreténs e como não andava atrás dos adultos a pedinchar inspirações. Mas parece que é geral, o mal, e que há colégios e empresas a programarem centenas de actividades diárias para manterem crianças ocupadas e pais descansados. Parece que até há psicólogos a defenderem as vantagens das actividades versus as desvantagens das crianças desocupadas a terem que puxar pela criatividade para se divertirem. Tempo de qualidade, aposto que lhes chamam tempo de qualidade, a este não saber brincar.

Eu cá prefiro mantê-lo em casa. Desocupado e pelos vistos com tempo sem qualidade. Porque isto de aprender a estar e a brincar parece-me importante...

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