quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

o rei do mau-feitio

Ontem voltou coroado de papel dourado, cansaços olheirentos e queixas. Que berrou e birrou, que se excitou em damasia, que não parou quieto, que não obedeceu a nada, que respondeu torto a todos, que recusou a sopa, que atirou com a porta e com as cadeiras, que bateu a miúdos e pontapeou graúdos, que disse Isto não presta para nada, eu vou pedir à minha mãe para me tirar desta escola. Difícil, o meu filho transforma-se difícil nestes primeiros dias de desrotinamento dos hábitos caseiros das férias. Que concerteza devem ser ciúmes do irmão que aí vem. Eu falei e ralhei e ameacei em acompanhamento do pão e do iogurte mas depois, enquanto ele readquiria as calmas numa sesta voluntária no sofá, fiquei-me a pensar nas justificações. Que antes era por ser filho único, os egoísmos, as dificuldades em partilhar, o não saber brincar com os outros miúdos. Que agora é do irmão, os ciúmes, o ter que dividir espaços, brinquedos e afectos, a mudança que vai ser muito vasta quase aos seis anos. E tenho dúvidas com as causas, mas guardo-as para mim, que gosto muito da educadora e da auxiliar desta escola a que ainda chamamos nova e elas só me contam em tom doce e com festinhas na barriga e com muitos Não se preocupe e Não se rale a suavizar as agressividades porque eu insisto em perguntar. É que eu acho que não é disso. Ou não é só disso. É sobretudo da falta de meio. E isso não há presença ou ausência de irmão que resolva...

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