quinta-feira, 19 de novembro de 2009

menus

Abóbora. Cenoura. Alface. Courgette (que com certeza já se aportuguesou para curgete). Chuchu. Nabo. Brócolos. Alho francês. Feijão verde. Aipo. Coentros. Couve portuguesa. Nabiças. Couve-flor. Agriões. Tudo adoçado com batata-doce e às vezes com pêra. Falham-lhe ainda os espinafres e as beringelas, adiados pelos paladares pouco agradados pelas bocas pequeninas.

Pêra. Banana. Maçã. Pêssego. Melão. Meloa. Ontem os dióspiros destronaram as favoritas mangas. E acho que o vou estrear nas castanhas e nos marmelos, que também merece o outono.

Iogurtes. Sem fruta, com fruta. Sem bolachas, com bolachas desmanchadas em pó na um, dois, três. Muitos iogurtes.

Frango. Perú. Pescada. Dourada. Tudo ralado e misturado na sopa, mas, por um destes dias, açordo-lhe o peixe.

Poucas papas lácteas. Papas líquidas só em necessidades longe de casa. Boiões não. Desgosto dos preços e duvido das vitaminas e das propriedades.

Percebi ainda antes do segundo que isto é assim mesmo, cada médico sua sentença. Seja pelos anos, pelas geografias ou pelas opiniões, desencontro-me cada vez mais com as primeiras opções. O outro começou com as sopas e eu vagarava uma semana entre cada novidade. Este começou com as papas e eu intervalo só quatro dias entre cada novidade, que duplicar ementas e lavar o dobro dos tachos rouba-me tempos e boas disposições. E exagero nos verdes enquanto não nascem os Não gosto de couves e os Isto é um blhec. No outro adiei os pêssegos mais os melões mais as uvas mais sei lá quantos, a voz da médica Que eles fazem facilmente alergias a certos frutos mais sumarentos. Neste só protelo a laranja, os quivis e os morangos. Com o outro insisti nos iogurtes azedos Porque os bebés só podem comer iogurtes naturais e ainda hoje mastiga com desagradados até os coloridos com smarties. Neste demiti-me dos fundamentalismos e acho que ele engolia todos os batidos açucarados que lhe colherasse. E já guincha indignações para os aromas do irmão. Falham-me muito as memórias mas quase de certeza lucra muito mais variedades nos menus do que o irmão lucrava nestes meses. A ver se com um ano nos conjuntamos todos à mesa do jantar.

Cada vez ignoro mais os médicos.

(Nunca pensei usar aqui a caixa para lhes descrever percentis e afins, que das magrezas e medianias nos centímetros hão-de dar contas os livrinhos azuis que a pediatra vai completando. Mas pesam-me nas consciências os poucos relatos das primeiras existências do menor...)

1 comentário:

Arquitexturas disse...

E está como sempre lindo e bem-disposto.

Sorriso fácil e olhar curioso.

E mês após mês dá gosto vê-lo mais crescido e atento a tudo e a todos.