sábado, 21 de novembro de 2009

falso alarme

Assim que a vi murchinha e desbotada a sair do portão verde ao colo da mãe diagnostiquei logo o fim-de-semana. Chuva na rua, febre em casa, já está. Logo a Miriam, a grande amiga dos intervalos, com quem divide as metades de pão caseiro que lhe ensaco para o lanche e com quem joga com os berlindes comprados na loja do chinês ali da esquina e com quem recolhe as sementes mágicas que se vão acumulando numa caixinha de fósforos Porque dão sorte, mãe, às vezes, não dão sempre, mas dão às vezes. E depois a mãe da Maria, enquanto eu iogurtava a boca pequena para entreter as esperas, citou-me os nove dias em casa, as aflições dos quarenta graus que não definhavam nem com medicamentos nem com banhos, as fraquezas e os emagrecimentos. E a D. Arlete, cuidadora das entradas e saídas, comunicou os seis ou sete meninos da turma a falharem o éle e o sete. Já está, preparei-me, que isto andava a correr bem, narizes desentupidos, testas frescas, digestões escorreitas, alguma vez havia de ser. Por isso quando a meio da noite me irrompeu pelos sonhos com lamentos de dores de cabeça e frios preparei-me para o pior. Quase trinta e nove, já está. Mas depois o paracetamol mais a canja mais o xarope de cenoura mais os sonos aquietados no sofá mais os livros mais o jogo das lagartinhas mais os beijinhos Coitadinho do meu menino que está doentinho desalentaram os calores e hoje já estava climatizado e em preocupações Ensinas-me o éme? É que se o professor o deu ontem quando faltei depois chego lá na segunda e não sei.

Afinal parece que ainda não foi desta.

Sem comentários: