sexta-feira, 27 de agosto de 2010

silent land

E depois, alinhavadas aos sonhos, chegaram-me as memórias dos silêncios da minha casa de menina. Que estava sempre limpa, arrumada, estática, vazia, silenciosa. Tão silenciosa. Não havia músicas nem cantos nem diálogos nem barulhos nem campainhas a anunciar visitas nem telefonemas com vozes de amigos nem alegrias. Acho que nem havia os irritantes zzzzzzs das moscas, que nem as moscas gostavam de voar numa morada tão triste e monótona. E lembrei-me que pensava Eu gostava era de ter muitos irmãos, Eu gostava era de ter uma família grande, Eu gostava era de ter a casa cheia de risos e barulhos e confusões e desarrumações. Parece que afinal o desejo já existia. Eu é que me tinha esquecido dele...

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