terça-feira, 12 de dezembro de 2006

brilha, brilha lá no céu...


Andou em contagem decrescente, ansioso É hoje? Não, é sexta, faltam três dias. Apercebi-me que fora o sábado e o domingo não se entende muito bem com a semana. Papagueia-os trocados. Segunda-feia, quinta-feia, têça-feia, sêta-feia, é hoje? Não, é amanhã. Na sexta-feira montámos tudo. A árvore, o presépio, as luzes. Antes dele tivémos outras, naturais, secas, estilizadas, reinventadas. Agora deixámos essas para o atelier e comprámos uma aqui para casa, artificial mas com o ar mais natural que uma artificial pode ter. E temos umas bolas que já têm quase tantos anos como a nossa história juntos. Já o mostram e acho que é sobretudo por isso que não tenho vontade de as substituir por umas novas. Antes dele também não tinhamos presépio. O ano passado, depois de várias hesitações, decidi-me por um José e Maria com menino ao colo, mais vaca e burro aos pés, que descobri ali numa lojinha em baixo e de que gostei. Ele desajudou o pai a montar a árvore, feliz e num grau de excitação desproporcional ao que a ocasião pedia. Perguntou do Jesus, confirmou se não é cavalo em vez de burro, respirou como a vaca, transformou fitas em lagartas e minhocas, subiu ao escadote, tentou jogar com as bolas, subiu ao escadote, soprou velas, subiu ao escadote, perguntou dos dourados, quase caiu do escadote... O pai disse que fazia sózinho, eu disse que fazia sózinha, ele imitou a Lola eu consigo fazê tudo sózinho. No finzinho, anjinho de tecido a segurar coração vermelho lá no alto, luzes acendidas, brindou-nos com a música da estrelinha. Aí é que senti o que é o natal, o meu natal, o que quero que seja sempre: bochechas coradas, voz desafinada, olhos a brilhar.

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