quarta-feira, 5 de setembro de 2007

catorze

Hesito. Fará falta ou não? Devo ou não devo? Acabo por telefonar. Que sim, que comeu bem o segundo prato, que até repetiu. Que comeu pêssego. Que com a sopa fez fita, só comeu cinco ou seis colheres. Que agora anda lá fora, a brincar com os outros. Que até tem estado calmo. Agradeço. Respiro. A casa continua vazia. E silenciosa. Deambulo de um lado para o outro, de olhos nos ponteiros. Os desenhos dele no frigorífico, o camiãozinho do lixo Este chama-se Pivete, mamã!, em cima da mesa da cozinha, os crocodilos ferozes na banheira. Não faço nada. Tanta coisa para fazer e eu aqui, estática, a medir minutos...


Avião sem asa, fogueira sem brasa
sou eu assim sem você.
Futebol sem bola, Piu-Piu sem Frajola
sou eu assim sem você.

Amor sem beijinho,Buchecha sem Claudinho
sou eu assim sem você.
Circo sem palhaço, namoro sem abraço
sou eu assim sem você.

Tô louca pra te ver chegar
Tô louca pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço, retomar o pedaço
que falta no meu coração.

Neném sem chupeta, Romeu sem Julieta
sou eu assim sem você.
Carro sem estrada, queijo sem goiabada
sou eu assim sem você.

Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim.
Eu te quero a todo instante,
nem mil alto-falantes
vão poder falar por mim.

Eu não existo longe de você
e a solidão é o meu pior castigo.
Eu conto as horas pra poder te ver
mas o relógio tá de mal comigo.

Por quê? Por quê?

Adriana Calcanhoto, Fico assim sem você

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