quarta-feira, 5 de setembro de 2007

nove

Foi. Fomos, eu e ele, de mão dada, pelas relvas onde geralmente amanhecemos com a Doris, pelo sítio dos bolos tão gostados, pelo jardim dos patos. Olha, o eléctrico! Olha, o autocarro que vai para a Praça da Figueira! Olha, o sol! Também vais à escola, senhor sol? Sempre, sempre o mundo traduzido em decibéis, os pulinhos a abanarem-me a mão, a desentorpecerem-me os pessimismos. Ficou bem, a brincar. Abracei-o com muita força, A mamã gosta muito, muito de ti e vem buscar-te antes do lanche, combinado? Ainda fui lá acima burocratizar batas e mensalidades e actividades e quando desci, janelei-o de mansinho. Sentado, sossegado, de avião na mão, em conversas com um Afonso de olhos grandes. Voltei, apressada, sózinha, sem intérprete para as pequenas maravilhas dos dias, a mão orfã de puxões e apertões, os Cuidado com os carros! e os Não saias do passeio! ausentes. Estranhei a casa, o silêncio, as almofadas direitas no sofá. A gata deitada na cama dele, a cadela expectante à porta. Se eu acreditasse no cristo das igrejas agora punha-me a rezar Ó Deus faz com que desta vez corra tudo bem...

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