sexta-feira, 16 de novembro de 2007

dias em branco

A senhora da farmácia, que na quinta passada misturou o pó com a água e lhe calou os queixumes doridos com os primeiros cinco mililitros e a promessa de um chocolate, reconheceu-nos enquanto esperávamos pelo bacalhau à brás que ele abomina quase mais do que lavar o cabelo. Então já não te doem os ouvidos?, perguntou-lhe no meio de um croissant de queijo e fiambre e de uma meia de leite. Ah, mas a mãe é que está com um ar muito abatido. Até parece que foi a mãe que esteve doente e não o filho. Sorri-lhe amareladamente enquanto guardava os trocos e encaixava o saco nos únicos dois dedos não ocupados com a mão do miúdo, a mala, a chave e a trela da cadela. Quinta, sexta, sábado, domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta. Nove dias inteirinhos com uma criança otitada e estranham-me os desânimos e os descorados...

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