segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

mãe com medo

Metade de mim vai-me repetindo que é normal. Caem, magoam-se, partem-se, recuperam. São assim, os miúdos são assim. Não vale a pena ter medos tolos, quem caminha pode cair. Encerra o assunto, diz-me a metade de mim que quer pensar limpidamente nas coisas.
A outra metade de mim fecha os olhos e revê-o a cair. A bata nova aos quadradinhos onde cosi o nome no fim-de-semana passado, o casaco castanho com o capuz laranja, gosto tanto de o ver de cor-de-laranja, as calças com os joelhos sempre encardidos, tudo a vir por ali abaixo e a desabar em cima do pulso e da mão. A outra metade de mim não consegue parar de vê-lo a cair.

Pergunto-me se teria sido mais fácil ouvir do outro lado do telefone O seu filho caiu, está cheio de dores, vamos com ele para o hospital.
Pergunto-me se vou perder o medo de o deixar lá, na escolinha amarela.

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