quarta-feira, 7 de maio de 2008

um-dó-li-tá, cara de amendoá,

É a última coisa que me ocupa antes de adormecer. Ou melhor, a penúltima, que a última é sempre ir perceber-lhe mais uma vez os sonhos e os respirares no escuro do edredão azul dos animais. Elefante, girafa, passarinho, macaco, cobra sorridente, pato patudo, todos a enxotarem pesadelos e monstros noctívagos. É tão lindo, a dormir, o meu menino. Escrevinho os dias e os acontecidos nas linhas azuis do caderno de capa preta que está na prateleira de baixo da mesinha branca que me apoia o candeeiro e o despertador. Andámos na roda gigante, não teve medo nenhum; Aprendeu o que quer dizer coscuvilheira; Fomos ao cinema ver o Peter Pan; Enfornámos o melhor bolo de laranja do mundo; Escreveu gato e peixe em maiúsculas desencontradas e entortadas mas percebíveis por baixo do desenho; Perguntou-me E depois quando a gata morrer ela vai nascer outra vez e ser nossa outra vez? Por favor, pedes-lhe para ela voltar para nós?. Uma, duas, três no máximo frases por dia, às vezes só uma palavra tonta de sono. Insignificâncias, páginas de insignificâncias esperançosas de lhe perdurar as memórias dos dias de menino. Agora resta-me a decisão. Ou arranjo tempos e inspirações para nos preteritar por aqui ou arranco as páginas do caderno e não promovo estes dias a conteúdo de blogue.

2 comentários:

G_ticopei disse...

Tal e qual... Também eu escrevo tantas coisas no meu caderninho, que depois, a maior parte delas, nunca chego a transcrever. Principalmente porque não gosto de mudar os tempos verbais, e o espaço. Gosto principalmente de escrever o que sinto, e não o que senti...

ângela disse...

Acho que o tempo - a falta dele, na verdade - toma a decisão por mim...
Benvinda, ticopei. Giro, o nome. Ocorreu-me logo o picoti, picotá, picoti, picotá que o meu miúdo cantarola sempre que lemos o quiquiriqui.