sábado, 4 de julho de 2009

um livro ao sábado

Gosto de lhe contar as mesmas estórias que a minha avó Rita me contava sentada numa cadeirinha pequenina de empreita à porta de casa para me distrair dos desapetites da comida. Eu não, eu não vou, que tenho medo, disse o boi. Colher de sopa de cenoura. Era uma vez uma carochinha que andava a varrer o chão e encontrou uma moeda de cinco merréis. Gomo de laranja. Sape gato lambareiro tira a pata do açucareiro. Rodela de banana embrulhada no iogurte. Contava-mos sem livro, voz corrida, prato numa mão, colher na outra. Lembro-me de todas. Agora reconto-as ao meu filho. Umas vezes sem livro, outras com. A imitar as vozes dos animais, os bateres à porta, os sons. Sem colheradas de comida a atrapalharem as palavras. Será que quando ele tiver os meus anos ainda se vai lembrar das estórias de menino?

O coelhinho branco, Xosé Ballesteros e Óscar Villán, Kalandraka

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