segunda-feira, 5 de julho de 2010

primeiras cá de dentro

Oh não, oh não, oh não. Ralhei-me logo, que devia ter composto melhor as informações, que já se sabe que a maneira de explicar, com os miúdos, condiciona as reacções. Mas estava ainda tão atrapalhada que assim que os vi no lado de fora da porta, o pequeno a iogurtar o lanche e o grande a investigar os verdes do rebordo do cimento, Já viste esta folha, mãe, tão linda, com manchas brancas... exibi-lhes o rectângulo minúsculo e anunciei sem preliminares São dois, vamos ter gémeos. Oh não, oh não, oh não. Com muitas lágrimas. Retrocedi nos medos, adocei-me, simulei-me sossegada e satisfeita, procurei optimismos, Oh filho, não chores, são dois, não faz mal, é bom, vais ter mais manos... Oh não, oh não, oh não. Tantas lágrimas. Então, filho? É que vão ser iguais e depois eu não os conheço, vou chamar o nome de um ao outro. Oh não... Sorri-me pela primeira vez na tarde e atalhei-lhe os melodramatismos com as falsidades, a duplicação de cordões e placentas e as grandes probabilidades das diferenças. Ah, então vou conseguir conhecê-los, não é? Não me vou enganar nos nomes, não é? Ah, então pronto! Que bom, dois irmãos de uma vez só!

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