segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

the rain in spain stays mainly in the plain

Eu antes até me agradava com a chuva. Com o compasso nos vidros. Com o céu lavado. Com o cheiro dos molhados. Gostava de ficar e também gostava de sair. Agora destempera-me. Custa-me, ainda mais que nas manhãs secas, despreguiçar-me dos sonos. Custa-me despreguiçar o miúdo dos quentes. Custa-me chuveirar-me em uníssono com as gotas de fora. Custa-me preenchê-lo com botas e capa e sombrinha e capuz. Custa-me o cinzento. Custa-me exteriorizar a cadela e trazê-la molhada e precisada de turcos para não me inundar tapetes e caminha e chão. Custa-me passar o dia de lâmpadas acesas. Custa-me irritar-me com nadas. Custa-me afligir-me com constipações e ranhos e tosses. Custa-me sair mas também me custa ficar. Custa-me sentir-me assim descolorida...

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